A muito tempo e principalmente esse ano, venho tendo o mesmo pensamento do que transcreverei abaixo, é um artigo de um criador europeu especializado em gloster, que diz exatamente o que penso a respeito da raça, e mais ainda, deixa claro o erro grotesco que a OBJO ta querendo fazer e vem fazendo com a raça Gloster aqui no Brasil. Leiam atentamente e tirem suas conclusões.
Este
artigo é dirigido a todos os criadores e expositores de glosters, assim como
juízes em geral, aos quais gostaria de expressar a minha opinião sobre o
conceito TAMANHO no que diz respeito ao gloster.
Antes de iniciar devemos
situarmo-nos historicamente. A primeira aparição do gloster (após dez anos de
trabalho), surge por volta de meados da década de 1930, no condado inglês de Gloustershire, no oeste de Inglaterra,
de onde recebeu o seu nome. Foi Mrs. Rogerson a responsável de trabalhar com
diferentes raças (Crest de menores dimensões possíveis, Borders e canários do
Harz), para conseguir este simpático animal, que com muita probabilidade, é o
canário de postura mais popular do mundo.
Para obter um gloster, é
absolutamente imprescindível partir de um exemplar com boas características
morfológicas (fenótipo) conhecidas no standart da raça, como por exemplo: boa
cabeça, bom tipo, boa qualidade de plumagem, e tamanho aceitável.
No que diz respeito ao
genótipo, por não ser algo tangível, devemos recorrer a um sério e prestigioso
criador, que crie de forma seletiva, seja em inbreding ou em outbreding,
ou seja com linhas mais ou menos diretas em consanguinidade.
As cabeças no gloster, serão
morfologicamente diferentes no caso de um corona ou um consort. Uma boa coroa
deverá distinguir-se pela sua redondeza, e ser o mais definida possível, formada
por penas longas que cairão em todas as direções, bem aderidas e partindo de um
ponto central definido.
Por vezes vemos em exposições
coroas excessivamente grandes, que não permitem ver os olhos (estas serão
definidas como Coronas tipo Crest). Para salvaguardar a raça deveremos selecionar
as coroas que permitem ver a metade os olhos, para isso serão necessários
vários tipos de plumagem de diferentes comprimentos.
No que diz
respeito ao consort, devemos ser honestos e aceitar dois conceitos distintos de
cabeça:
1. Cabeça larga e o mais
redonda possível, que lhe confere uma grande sensação de redondeza. A união com
o peito, costas e corpo, deve formar um único bloco, bem definido e compacto; o
que se denomina de corpo braquiforme mas com pequena diferenciação de pescoço,
ao contrário do Norwish. O bico será o mais pequeno, curto e redondo possível.
(exemplares para exposição)
2. Cabeça mais plana e mais
pequena, com tendência a estreitar o crânio sobre os olhos. Este será um
magnífico exemplar para tirar coronas. (exemplares para reproduzir boas coronas)
Possuir aves com estes dois tipos
de cabeça não será o mais difícil de conseguir. A verdadeira dificuldade
encontra-se no conceito TIPO ou CORPO, que deverá ser o mais largo possível. Se
partirmos do peito, ou seja, da parte inferior do bico, até ao começo da cauda,
deveremos descrever um curva perfeitamente redonda. Jamais a forma em “barril”
característica dos Norwish.
É precisamente neste conceito
onde os criadores devem trabalhar mais insistentemente, devido à dificuldade em
conseguir bons exemplares. Não se trata de criar uma plumagem larga no dorso e
peito, mas antes conseguir uma estrutura óssea suficientemente ampla por si só.
Um bom exemplar, com bom corpo e boas costa, quando agarrado, dá a sensação de
encher a mão.
Se estivermos conscientes de
que tudo o que foi escrito até agora é absolutamente imprescindível, poderemos
seguir a análise dos conceitos restante.
Todos sabemos que o Standard
afirma que o gloster deve ter 11
cm, mas todos também concordamos, que atualmente é algo
complicado e chega a ser irreal, se pensarmos no simples fato que não existe
nenhum canário menores que 12 cm. (nem mesmo o raça espanhola conseguiu chegar
a este tamanho). O conceito Tamanho deverá ser visto como um ideal de
proximidade, mas sem esquecer os outros conceitos anteriores, caso contrário
teremos um canário atípico. Ao reduzirmos o tamanho do gloster nem que seja 1
cm, teremos problemas nos conceitos expostos até ao
momento, deixando de ter um gloster ajustado ao standard. Onde sim poderemos
trabalhar, será na diminuição das caudas dos nossas exemplares, o que nos
ajudará a ter uma sensação óptica de miniaturização, sem sacrificar os demais
conceitos, cabeça, corpo e qualidade de plumagem.
Creio que os ingleses souberam aplicar corretamente este
conceito quando afirmam que o tamanho deve ser “o mais pequeno possível, sem
medida fixa, buscando o equilíbrio entre cabeça, corpo e tamanho”. Seguramente
que eles não têm problemas porque nos seus concursos não pontuam numericamente
os seus pássaros, simplesmente os vão classificando de acordo com as
características mais apreciadas, o que lhes permite não errarem em nenhum dos
conceitos. Julgo que o conceito tamanho não seja o mais importante…Convido-os a
fazerem uma experiência escolhendo no vosso canaril o Gloster maior e o gloster
mais pequeno, comparem-nos e verão que no máximo não existirá 1
cm de diferença entre ambos. A diferença engloba todo o
corpo do pássaro, dando uma sensação de maior tamanho, que na realidade acaba
por ser uma sensação óptica provocada pela diferença de volumes.
Durante os últimos 50 anos,
segundo a bibliografia existente, ninguém conseguiu reduzir o tamanho. Foi
durante a última década e influenciados por determinados julgamentos, numa
altura em que este conceito tanto em Espanha como em França, teve uma
importância desmesurada, que levou ao declínio de todos os criadores espanhóis,
que passaram a estar em inferioridade quando os seus gloster competiam a alto
nível em outras exposições fora das suas fronteiras.
Neste momento temos que criar
uns pássaros para serem apresentados no campeonato de Espanha, e outros muito
diferentes para apresentar no exterior.
Enquanto que em Itália, reino
unido, bélgica, holanda e Alemanha privilegiam mais outros conceitos como
cabeça, corpo e forma, nós quase sempre nos preocupamos exclusivamente com o
tamanho, deixando para segundo plano os conceitos que as grandes potências
mantinham como primordiais e inquestionáveis.
Entendo que seja triste
enganar os criadores que pretendem competir noutros países, simplesmente pela
teimosia de alguns juízes. Entre os corredores de Regio Emilia tive
oportunidade de encontrar alguns juízes espanhóis, que compravam glosters aos
grandes criadores italianos, o mais afastados do conceito tamanho do standard
que possamos imaginar. Expressões como (uma coisa é o que compro e outra o que
julgo por parte de alguns juízes soam grotescas e clarificadoras.
Entre os corredores de Regio emilia tive oportunidade de
encontrar alguns juízes espanhóis, comprando glosters aos grandes criadores
italianos, pássaros muito longe do tamanho do standard do que possamos
imaginar. Isto levou-me à seguinte conclusão “não olhes para o que digo mas
para o que faço.”
Escrito por: Jordi Lermo i Querol Criador y Juez