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quinta-feira, 13 de junho de 2013

A diferença do amor e da paixão


Crio canários há pelo menos uns 20 anos, no começo quando criava apenas canários de cor, isso por volta do final dos anos oitenta, começo dos noventa, quando não tínhamos internet, celular, email e facebook, e quando o contato e intercâmbio com criadores de outros estados do Brasil era quase impossível.

Já nessa época nutria um verdadeiro encanto pelos canários de porte, pois sempre os achei mais vistosos, mais imponentes e diferenciados comparando-os com os de cor, mas naquele tempo o nordeste ainda engatinhava na ornitologia, e se era difícil encontrar por aqui bons planteis de canários de cor, imagine encontrar criadores que criassem canários de porte. Foi quando em determinado período da ornitologia potiguar, ainda na época da antiga e saudosa SON – Sociedade Ornitológica Norte Rio-grandense, o primeiro clube de ornitologia do RN, hoje extinto, um criador chamado Ítalo Araújo, conseguiu através de alguns contatos, trazer do sudeste do país alguns exemplares de gloster para seu canaril.

Quando olhei aquelas aves, pequeninas, gordinhas e cabeçudas, todos pintados e alguns com um topete circular bem penteado, meu coração sorriu, posso dizer que foi um verdadeiro amor a primeira vista.

Porém nessa mesma época minha vida começava a mudar, eu estava saindo da adolescência e começando uma vida adulta, faculdade, trabalho, diversão, namoro, e o meu tempo e interesse por canários acabou ficando para segundo, terceiro e quarto plano.

Foram 15 anos longe dos canários, até que o destino resolveu me por de novo perto dos emplumados, dessa vez tinha uma única certeza, se voltasse a criar teria que ser o gloster. Passei a fuçar tudo que tinha a respeito dessa raça, sites, blogs, artigos, fotos, criadores, tudo mesmo que transmitisse algum conhecimento ou aprendizado sobre essa raça, fucei e fui adquirindo alguns poucos exemplares, do grande amigo Jorge Batista da Bahia e do amigo Flavio Gomes do paraná, nessas fuçadas conheci dois irmãos que me ajudaram a aumentar ainda mais o meu amor pela raça, Wladimir Silva e Alexandre Capretz, os quais até hoje trocamos quase que diariamente informações sobre canários.

Como moro em um pequeno apartamento de dois quartos, um meu outro dos canários, tenho uma limitação obvia de espaço, e por isso sempre faço no máximo 20 casais, até o ano passado todos de gloster. O que acabei percebendo depois 5 anos criando essa raça, é que ao contrario do que muita gente fala, os gloster não são canários que se reproduzem facilmente, pelo comigo, volto a afirmar, em 5 anos nunca consegui bons índices reprodutivos com os glosters.

Posso dizer que continuo amando os gloster, realmente são lindos, gorduchos, pequeninos, parecem eternos bebes, são dóceis, e vistosos. Porem com o passar do tempo fui ficando um pouco desmotivado com a raça pela existência de alguns problemas inerentes a mesma, tais como:
-       Quistos de penas e acumulo de fezes nas penas da coacla, por serem aves com plumagem bastante volumosa;
-   índice baixo de reprodutividade, demoram mais a amadurecer sexualmente, muitas fêmeas não ativas na criação dos filhotes;
-      Ainda não há uma homogeneidade no padrão de julgamento dos juízes aqui no Brasil, o que acaba deixando em dúvida o criador na hora de direcionar seu plantel e com que tipos de aves trabalhar;
-       Cegueira, doença que atinge bastante as aves com mais de dois anos;

Ano passado recebi um presente do amigo Wladimir, tinha adquirido uns gloster com ele, e ele como cria também fife, resolveu me mandar de presente uns fifes que tinha sobrado por lá, foi logo me dizendo, “não é o que tenho de melhor nisso, estou querendo desocupar espaço e ai você ver o que faz, vende, dar, fica, resolve ai”. Eram uns dois machos, e umas 5 ou 6 femeas, elas chegaram prontinhas, não me restou alternativa a não ser acasalar elas, foi espantoso, os canários enchiam todos os ovos, nasciam todos os filhotes, e se criavam todos, e olha que como a maioria eram de intensos 80% dos filhotes eram filhos desse cruzamento, para quem estava acostumado com a preguiça e vagorizadade dos gloster, fiquei realmente estupefato, e com o passar tempo a alegria so foi aumentando, pois todos os filhotes que nasceram eram muito superiores aos pais, tirei quase todas as cores da série, exceto fundos brancos, pois não tinha nenhuma ave com essa característica no plantel.

A partir daí, passei a olhar e observar melhor os fifes, abri meu coração e comecei a enxergar uma raça fabulosa, uma raça viva, ativa, enérgica, os bichos não param quietos, não adoecem, possuem uma extrema qualidade de plumagem, cores vivas, não tem fachos, nem quisto, resultado final me apaixonei completamente pela raça, tanto que por motivos pessoais teria que reduzir ou parar de criar durante esse ano, vendi todo meu plantel de gloster (meu amores), mas não consegui vender os fifes ainda, pelo contrario acabei comprando mais umas aves dessa raça, será conseguirei parar?


Queria deixar claro que apesar de todos os problemas acima citados, continuo um glosteiro, amante da raça e espero em breve voltar a criar eles, afinal o amor é pra sempre, porém hoje me encontro apaixonado pelos fifes e quero sim curtir essa paixão.

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