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terça-feira, 3 de agosto de 2010

LIPOCROMICOS, PINTADOS E MELÂNICOS, POR QUÊ?




I- Introdução
De modo diverso da canaricultura de cor, onde só são admitidos somente os lipocrômicos e os melânicos puros, na quase totalidade das raças de canários de porte concorrem pássaros que podem apresentar, zonas mescladas de melaninas e lipocromo
, isto é, os pássaros chamados de variegados, arlequins ou simplesmente, pintados.
Como já é sabido a estrutura da pena tem como um dos fatores que a modificam a melanina.
Pode-se notar facilmente, a influência da estrutura no aspecto geral da plumagem. As penas "macias", médias ou rígidas proporcionam efeitos distintos na p
lumagem.
Assim podemos constatar que nos pássaros frisados parisienses, por exemplo, um melânico canela, qualquer que seja a cor de fundo terá as frisuras mais curtas e duras que um pássaro onde o canela se manifeste so
mente em pequenas zonas melanizadas ou seja um pássaro pintado.
Em outras raças onde o objetivo é conseguir pássaros de menor tamanho ou contorno mais compacto as penas mais rígidas dão o melhor resultado.
Hoje não se pode analisar por exemplo, um pássaro intenso somente em relação a este
fator. Há variações sensíveis entre eles, função da estrutura da pena.
Nos canários de cor da categoria mosaico, o controle da estrutura da pena é fundamental para obtenção de
exemplares de alto nível.
Acasalamentos entre mosaicos sem controle da estrutura da pena podem os pássaros sem valor para concursos face a "maciez" excessiva das penas.
A primeira divisão das raças de porte em três classes de acordo com a cor de fundo que t
ambém influi na estrutura da pena, melhorou a disparidade que havia antes quando todos os pássaros eram julgados em um mesmo grupo. A subdivisão aplicada posteriormente à raça Gloster veio comprovar como é possível se ter pássaros bons em todas as classes desde que o criador tenha objetivos definidos.

II - As Subclasses
Com a divisão proposta e
testada os canários da raça Gloster foram divididos em cada cor de fundo em três subclasses distintas: lipocrômicos, pintados e melânicos, termos um tanto genéricos para definir cada grupo mas perfeitamente esclarecidos em nosso manual de Canários de Porte, inclusive com desenhos elucidativos.
A
pesar de passados muitos anos, alguns criadores e até juizes tem dificuldade de separar os pássaros em seus respectivos grupos.
Os nomes utilizados não expressam coisas idênticas aos utilizados na canaricultura de cor.
Os pássaros de porte do grupo "lipocrômicos" podem não ser idênticos aos canários de cor e sim devem obedecer as características citadas no manual. E o grupo que reúne os pássaros de estrutura de pena mais "macia". Dos outros dois grupos:
Pintados e melânicos são também definidos em função da estrutura dominante das
penas.
Se procurarmos em nosso
manual na parte referente aos quartetos, veremos que optou-se, para não haver diferença chocante entre os pássaros apresentados em relação à cor, por dividi-los em quatro grupos distintos ou sejam:

1) lipocrômicos e marcados;
2) levemente pintados;

3) fortemente pintados

4) melânicos ou quase melânicos.

Cada um dos grupos é definido no texto e não nos lembramos de haver dúvidas ou reclamações quanto ao critério citado.
A divisão aplicada na raça Gloster visou harmonizar a estrutura da pena e não a harmonia da cor criando três grupos que reúnem pássaros de estrutura de pena semelhante para um julgamento mais justo.
Todos os grupos estão bem definidos no manual.
Tentaremos explicitar no item seguinte, mais uma vez o que se propõe no manual.

III - Onde surgem as dúvidas

Mais uma vez volto a falar na estrutura da pena, pois, esta é fundamental no contorno que resulta na forma do pássaro.
Uma pena lipocrômica, isto é, sem qualquer melanina, é mais "macia" que uma que possua melanina e lipocromo e esta por sua vez é mais "macia" que uma que possua todas as melaninas possíveis de serem depositadas. Lógico que estamos comparando penas de uma mesma região de cada pássaro.
A primeira dúvida surge no grupo denominado "lipocrômicos".
Em canários de porte fazem parte deste grupo: os lipocrômicos puros ou seja aqueles que não possuem qualquer melanina na plumagem ou partes córneas; os lipocrômicos aparentes, exemplares externamente lipocrômicos que possuem melaninas na subplumagem comuns em muitas raças de porte e os marcados pássaros que possuem pequenos depósitos de melanina, depósitos denominados manchas melânicas cuja definição é bastante satisfatória no manual. A quantidade de melanina nestes três acima citados, face a sua pequena incidência não altera a estrutura da pena no conjunto qual da plumagem.
Há no manual, inclusive, figuras mostrando o que é um pássaro marcado e as condições que a mancha melânica deve satisfazer.
Uma calota ou topete grisalho, como qualquer outra mancha grisalha, como preconiza o manual não tira o pássaro do grupo.
A segunda dúvida, a mais freqüente, surge em relação aos que devem
concorrer na classe dos pintados.
Pelo manual neste grupo devem ser incluídos todos os variegados que possuam mais de 60% (sessenta por cento) de área lipocrômica, ou seja, aqueles em que facilmente se pode notar que a área lipocrômica é superior à área melânica.
Não nos parece difícil constatar tal fato, mas em caso de dúvida quanto a supremacia da área lipocrômica, o pássaro deverá ser incluído no grupo dos melânicos, o que face a estrutura de suas penas como um todo, não o prejudicará.
Os ingleses que consideram nas grandes exposições mais do dobro de classes do que nós e ainda separam os machos das fêmeas tem inclusive, uma classe especial para os denominados THREE PARTS DARK, ou seja, pássaros que possuem aproximadamente 25% de área lipocrômica e o resto da plumagem com melaninas.
Em concursos de menor expressão estes pássaros são colocados juntos aos melânicos, quase melânicos e os fortemente pintados que é o que fazemos aqui apesar da grandiosidade de nosso Campeonato Brasileiro e de muitas exposições de clubes.
O interessante é que na raça Lizard, no que se refere aos pássaros com cúpula há porcentagens distintas para as gradações MB, B, R e F, todas se referindo a relação melanina-lipocromo da cúpula e os pássaros tem sido julgados, pelo que sabemos sem qualquer problema.
Nos parece muito mais simples avaliar a área lipocrômica total em um pássaro pintado como um conjunto do que as diversas gradações existentes na cúpula de um Lizard cuja área é bem menor.
No caso da raça Gloster é preciso notar que a predominância da área melânica dá aos pássaros uma estrutura de pena, em média, semelhante aos melânicos puros e desse modo não haveria prejuízo para o canário.
Do modo contrário se colocarmos este pássaro em nosso grupo "pintados" a estrutura de pena é mais encorpada e estaremos comparando pássaros de estrutura de pena distintas o que foge a ideia de julgar pássaros de estrutura o mais semelhante possível.
O bom senso é fundamental para avaliar o grupo onde o pássaro deverá ser inscrito.
Querer considerar "pintados" todos aqueles que não sejam lipocrômicos ou melânicos puros como se considera em canários de cor onde os "pintados" não são considerados, nos conduziria a grupar em uma mesma classe para julgamento pássaros de estrutura de pena distintas nos parece que retroagiremos.

IV - Conclusão
Não pretendemos chegar as classes existentes na Grã-Bretanha, pois entendemos que a divisão atual reúne em cada grupo pássaros com estrutura de pena semelhantes e que torna o julgamento mais justo.
Se com apenas três classes, em todos estes anos passados ainda há dúvidas, quantos anos levaríamos para absorver uma divisão mais detalhada?
Recomendamos a todos os que ainda têm dúvidas uma leitura séria do nosso manual pois o texto e as figuras nos parecem bem elucidativas e em caso de dúvida a utilização do bom senso para que o pássaro e o criador não sejam, prejudicados.
O importante é não colocar um pássaro junto aos que tenham estrutura de pena muito diferente pois este poderá ser beneficiado ou prejudicado de acordo com sua raça.

Autor:
José Luís de Castro Silva
Revista SOBC 2005



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